EM BUSCA DA PAZ 
Poesias para crianças
Poesias para crianças

Aqui, vocês - pequenos, poderão ler poesias minhas e de outros poetas - famosos ou não. Leiam, pois a leitura desenvolve a expressão escrita e oral. Divirtam-se!


 

 

                                DEUS CRIANÇA!... 

 

                        Se Deus fosse criança...

                        Assim como eu.

                        Sei que o mundo seria diferente.

                        Seria inocente... colorido...

                        Ah, tão bonito!

                        Estou de olhos fechados

                        Imaginando como seria realmente...

                        Puxa!... O que vejo em minha mente!...

                        Que quadro lindo!... Que coisa maravilhosa!

                        Chego a sentir o perfume das rosas

                        E o frescor do orvalho nos campos verdes!...

                        E os parques, com seus carrinhos de choque,

                        Balanços, túnel do terror?!...

                        Posso até ouvir os gritos alucinantes da criançada,

                        Num misto de medo e de alegria.

                        Os arranha-céus, quem sabe,

                        Seriam feitos de doces deliciosos?!...

                        Também as casas, os muros... tudo.

                        Tudo doce como os meus sonhos mais puros.

                        Que sonho maravilhoso!

                        As guerras seriam um brincar de esconde-esconde

                        E as bombas explodiriam espalhando no céu

                        Estrelinhas multicores.

                        Os gritos de pavor

                        Não passariam de gritos eufóricos

                        Da alegria de viver.

                        Ah, se Deus fosse criança!...

                        Deixe-me pensar...

                        O mundo poderia ser uma bola de cristal...

                        Ou talvez...

                        Uma bola de soprar...

                        É isso, uma bola de soprar!

                        E escrito nela com letras bem grandes

                        Para que todos os seres do universo

                        Pudessem ler fascinados:

                        PLANETA TERRA – MUNDO DE GENTE FELIZ.

                        Igual bola de aniversário.

                        Puxa!...

                        Seria tudo tão lindo!... Seria tudo tão bom!...

                        Nos pomares plantaríamos balas de caramelo,

                        Barras de chocolate, sorvetes de morango...

                        É o sorvete que mais gosto!

                        Posso ver os animais, as pessoas, nossos pais,

                        Eu e as outras criancinhas...

                        Todos juntos sem medo, sem ódio, sem falsidade,

                        Numa felicidade contagiante.

                        Posso até ver também o Menino Deus

                        Puxando por um cordel de ouro reluzente

                        A Sua bola enorme,

                        Cheia de seres alegres e sorridentes.

                        Os raios dourados do sol

                        Refletidos nas flores coloridas

                        Deixando nossas almas mais vibrantes, mais vivas...

                        E as chuvas?!... Que espetáculo aos nossos olhos!

                        Seus pingos cristalinos,

                        Batendo nas paredes transparentes da enorme bola,

                        Dando ao seu aconchegante interior,

                        Um brilho resplandecente.

                        Lá dentro da bola todos nós sentados em macios gramados,

                        Comendo doces colhidos nas árvores verdes e cintilantes,

                        Olhando o quadro divino e inacreditável,

                        Ouvindo calados e admirados o barulhinho suave e agradável

                        Da água caindo na borracha fina e escorrendo à nossa frente,

                        Como um rio de prata...

                        Não haveria preguiça e má vontade,

                        E todos trabalhariam sempre de mãos dadas

                        E nunca se cansariam, pois a união faz a força.

                        O amor, a bondade, a harmonia... enfim, todas as virtudes

                        Seriam distribuídas com perfeição entre os seres,

                        Numa dosagem exata.

                        E então formaríamos uma só comunidade,

                        Seríamos uma só família repleta de ternura.

                        E lá iríamos nós pelo espaço infinito a voar,

                        Guiados pelas mãozinhas alvas e delicadas

                        Do Pequenino Deus.

                        Conheceríamos todo o Universo que Ele criou

                        E assim poderíamos ver de pertinho os outros planetas...

                        As estrelinhas brilhantes.

                        Puxa!...

                        Que vida maravilhosa seria a nossa!...

                        Ah, Meu Deus!...

                        Por que Você não é uma criança,

                        Assim como eu?!...

                        Por quê?!...

                        ......................................................................................

                        ......................................................................................

                        De repente, bem no fundo do seu ser,

                        Ouve, admirado, uma voz meiga responder:

                        “- Mas eu também sou uma criança,

                        Assim como você, basta você querer!”            

                             (Poesia extraída do meu livro infantil "Planeta Terra - mundo de gente feliz",

publicado pela Editora AgBook)

 

Ruth rocha

 

“O Rato 

Roeu 

A Roda 

Do Carro 

Do Rei

Da Rússia. 

O Rato 

Morreu 

De dor 

De barriga”. 

 

O que os olhos não veem (Ruth Rocha) 

 

Havia uma vez um rei 

num reino muito distante, 

que vivia em seu palácio 

com toda a corte reinante. 

Reinar pra ele era fácil, 

ele gostava bastante. 

 

Mas um dia, coisa estranha! 

Como foi que aconteceu? 

Com tristeza do seu povo 

nosso rei adoeceu. 

De uma doença esquisita, 

toda gente, muito aflita, 

de repente percebeu... 

 

Pessoas grandes e fortes 

o rei enxergava bem. 

Mas se fossem pequeninas, 

e se falassem baixinho, 

o rei não via ninguém. 

 

Por isso, seus funcionários 

tinham de ser escolhidos 

entre os grandes e falantes, 

sempre muito bem nutridos. 

Que tivessem muita força, 

e que fossem bem nascidos. 

E assim, quem fosse pequeno, 

da voz fraca, mal vestido, 

não conseguia ser visto. 

E nunca, nunca era ouvido. 

 

O rei não fazia nada 

contra tal situação; 

pois nem mesmo acreditava 

nessa modificação. 

E se não via os pequenos

e sua voz não escutava, 

por mais que eles reclamassem 

o rei nem mesmo notava. 

 

E o pior é que a doença 

num instante se espalhou. 

Quem vivia junto ao rei 

logo a doença pegou. 

E os ministros e os soldados, 

funcionários e agregados, 

toda essa gente cegou. 

 

De uma cegueira terrível, 

que até parecia incrível 

de um vivente acreditar, 

que os mesmos olhos que viam 

pessoas grandes e fortes, 

as pessoas pequeninas 

não podiam enxergar. 

 

E se, no meio do povo, 

nascia algum grandalhão, 

era logo convidado 

para ser o assistente 

de algum grande figurão. 

Ou senão, pra ter patente 

de tenente ou capitão. 

E logo que ele chegava, 

no palácio se instalava; 

e a doença, bem depressa, 

no tal grandalhão pegava. 

 

Todas aquelas pessoas, 

com quem ele convivia, 

que ele tão bem enxergava, 

cuja voz tão bem ouvia, 

como num encantamento,

ele agora não tomava 

o menor conhecimento... 

 

Seria até engraçado 

se não fosse muito triste; 

como tanta coisa estranha 

que por esse mundo existe. 

 

E o povo foi desprezado, 

pouco a pouco, lentamente 

Enquanto que próprio rei 

vivia muito contente; 

pois o que os olhos não veem, 

nosso coração não sente. 

 

E o povo foi percebendo 

que estava sendo esquecido; 

que trabalhava bastante, 

mas que nunca era atendido; 

que por mais que se esforçasse 

não era reconhecido. 

 

Cada pessoa do povo 

foi chegando á convicção, 

que eles mesmos é que tinham 

que encontrar a solução

pra terminar a tragédia. 

Pois quem monta na garupa 

não pega nunca na rédea! 

 

Eles então se juntaram, 

Discutiram, pelejaram, 

E chegaram à conclusão 

Que, se a voz de um era fraca, 

Juntando as vozes de todos 

Mais parecia um trovão. 

 

E se todos, tão pequenos, 

Fizessem pernas de pau, 

Então ficariam grandes, 

E no palácio real 

Seriam logo avistados, 

Ouviriam os seus brados, 

Seria como um sinal. 

 

E todos juntos, unidos, 

fazendo muito alarido 

seguiram pra capital. 

Agora, todos bem altos 

nas suas pernas de pau.

Enquanto isso, nosso rei 

continuava contente. 

Pois o que os olhos não veem 

nosso coração não sente... 

 

Mas de repente, que coisa! 

Que ruído tão possante! 

Uma voz tão alta assim 

só pode ser um gigante! 

- Vamos olhar na muralha. 

- Ai, São Sinfrônio, me valha 

neste momento terrível! 

Que coisa tão grande é esta 

que parece uma floresta? 

Mas que multidão incrível! 

 

E os barões e os cavaleiros, 

ministros e camareiros, 

damas, valetes e o rei 

tremiam como geleia, 

daquela grande assembleia, 

como eu nunca imaginei! 

 

E os grandões, antes tão fortes, 

que pareciam suportes 

da própria casa real; 

agora tinham chiliques 

e cheios de tremeliques 

fugiam da capital. 

 

O povo estava espantado 

pois nunca tinha pensado 

em causar tal confusão, 

só queriam ser ouvidos, 

ser vistos e recebidos 

sem maior complicação 

 

E agora os nobres fugiam, 

apavorados corriam 

de medo daquela gente. 

E o rei corria na frente, 

dizendo que desistia 

de seus poderes reais. 

Se governar era aquilo 

ele não queria mais! 

 

Eu vou parar por aqui 

a história a que estou contando. 

O que se seguiu depois 

cada um vá inventando. 

Se apareceu novo rei 

ou se o povo está mandando, 

na verdade não faz mal. 

Que todos naquele reino 

guardam muito bem guardadas 

as suas pernas de pau.

  

Pois temem que seu governo 

possa cegar de repente. 

E eles sabem muito bem 

que quando os olhos não veem 

nosso coração não sente. 

 

O Direito das Crianças ( Ruth Rocha) 

 

Toda criança no mundo 

Deve ser bem protegida 

Contra os rigores do tempo 

Contra os rigores da vida. 

 

Criança tem que ter nome 

Criança tem que ter lar 

Ter saúde e não ter fome 

Ter segurança e estudar. 

 

Não é questão de querer 

Nem questão de concordar 

Os diretos das crianças 

Todos têm de respeitar. 

 

Tem direito à atenção 

Direito de não ter medos

Direito a livros e a pão 

Direito de ter brinquedos. 

 

Mas criança também tem 

O direito de sorrir. 

Correr na beira do mar, 

Ter lápis de colorir... 

 

Ver uma estrela cadente, 

Filme que tenha robô, 

Ganhar um lindo presente, 

Ouvir histórias do avô.  

 

Descer do escorregador, 

Fazer bolha de sabão, 

Sorvete, se faz calor,

Brincar de adivinhação. 

 

Morango com chantilly, 

Ver mágico de cartola, 

O canto do bem-te-vi, 

Bola, bola, bola, bola! 

 

Lamber fundo da panela 

Ser tratada com afeição 

Ser alegre e tagarela 

Poder também dizer não! 

 

Carrinho, jogos, bonecas, 

Montar um jogo de armar, 

Amarelinha, petecas, 

E uma corda de pular. 

As Coisas que a Gente Fala 

 

As coisas que a gente fala 

saem da boca da gente 

e vão voando, voando,

correndo sempre pra frente. 

Entrando pelos ouvidos 

de quem estiver presente. 

Quando a pessoa presente 

É pessoa distraída 

Não presta muita atenção. 

Então as palavras entram 

E saem pelo outro lado 

Sem fazer complicação. 

 

Mas ás vezes as palavras 

Vão entrando nas cabeças,

Vão dando voltas e voltas, 

Fazendo reviravoltas 

E vão dando piruetas. 

Quando saem pela boca 

Saem todas enfeitadas. 

Engraçadas, diferentes, 

Com palavras penduradas. 

 

Mas depende das pessoas 

Que repetem as palavras. 

Algumas enfeitam pouco. 

Algumas enfeitam muito. 

Algumas enfeitam tanto, 

Que as palavras - que 

Engraçado! 

- nem parece as palavras 

que entraram pelo outro 

lado. 

 

E depois que elas se espalham, 

Por mais que a gente procure, 

Por mais que a gente recolha, 

Sempre fica uma palavra, 

Voando como uma folha, 

Caindo pelos quintais, 

Pousando pelos telhados, 

Entrando pelas janelas, 

Pendurada nos beirais. 

 

Por isso, quando falamos, 

Temos de tomar cuidado. 

Que as coisas que a gente fala 

Vão voando, vão voando, 

E ficam por todo lado. 

E até mesmo modificam

O que era nosso recado. 

 

Eu vou contar pra vocês 

O que foi que aconteceu, 

No dia em que a Gabriela

Quebrou o vaso da mãe dela 

E acusou o Filisteu. 

 

- Quem foi que quebrou meu vaso? 

Meu vaso de ouro e laquê, 

Que eu conquistei no concurso, 

No concurso de crochê? 

- Quem foi que quebrou seu vaso? 

- a Gabriela respondeu 

- quem quebrou seu vaso foi... 

o vizinho, o Filisteu. 

 

Pronto! Lá vão as palavras! 

Vão voando, vão voando... 

Entrando pelos ouvidos 

De quem estiver passando. 

Então entram pelo ouvido 

De dona Felicidade: 

- o Filisteu? Que bandido! 

que irresponsabilidade! 

As palavras continuam 

A voar pela cidade. 

Vão entrando nos ouvidos 

De gente de toda idade. 

E aquilo que era mentira 

Até parece verdade... 

 

Seu Golias, que é vizinho 

De dona Felicidade... 

E que é o pai do Filisteu, 

Ao ouvir que o filho seu 

Cometeu barbaridade, 

Fica danado da vida, 

Invente logo um castigo, 

Sem tamanho, sem medida! 

Não tem mais festa! 

Não tem mais coca-cola! 

Não tem TV! 

Não tem jogo de bola! 

Trote no telefone? 

Nem mais pensar! 

Isqueite? Milquicheique?? 

Vão acabar! 

 

Filisteu, que já sabia 

Do que tinha acontecido, 

Ficou muito chateado! 

Ficou muito aborrecido! 

E correu logo pro lado, 

Pra casa de Gabriela: 

- Que papelão você fez! 

Me deixou em mal estado, 

Com essa mentira louca

Correndo por todo lado. 

Você tem que dar um jeito! 

Recolher essa mentira 

Que em deixa atrapalhado! 

 

Gabriela era levada, 

Mas sabia compreender 

As coisas que a gente pode 

E as que não pode fazer; 

E a confusão que ela armou, 

Saiu para resolver. 

 

Gabriela foi andando. 

E as mentiras que ela achava 

Na sacola ia guardando. 

Mas cada vez mais mentiras 

O vento ia carregando... 

Gabriela encheu sacola, 

Bolsa de fecho de mola, 

Mala, malinha, maleta. 

 

E quanto mais ia enchendo, 

Mais mentiras ia vendo, 

Voando, entrando nas casas, 

Como se tivessem asas, 

Como se fossem - que coisa! 

- um milhão de borboletas! 

 

Gabriela então chegou 

No começo de uma praça. 

E quando olhou para cima 

Não achou a menor graça! 

Percebeu - calamidade! 

- que a mentira que ela disse 

cobria toda a cidade! 

 

Gabriela era levada, 

Era esperta, era ladina, 

Mas, no fundo, Gabriela 

Ainda era uma menina. 

Quando viu a trapalhada 

Que ela conseguiu fazer

 

Foi ficando apavorada, 

Sentou-se numa calçada, 

Botou a boca no mundo, 

Num desespero profundo... 

 

Todo mundo em volta dela 

Perguntava o que é que havia. 

Por que chora Gabriela? 

Por que toda esta agonia? 

Gabriela olhou pro céu 

E renovou a aflição. 

E gritou com toda força 

Que tinha no seu pulmão: 

- Foi mentira! 

- Foi mentira! 

 

Com as palavras da menina 

Uma nuvem se formou, 

Lá no alto, muito escura, 

Que logo se desmanchou. 

Caiu em forma de chuva 

E as mentiras lavou. 

 

Mas mesmo depois do caso 

Que eu acabei de contar, 

Até hoje Gabriela 

Vive sempre a procurar. 

De vez em quando ela encontra. 

Um pedaço de mentira. 

Então recolhe depressa, 

Antes dela se espalhar. 

Porque é como eu lhes dizia. 

As coisas que a gente fala 

Saem da boca da gente

E vão voando, voando, 

Correndo sempre pra frente. 

 

Sejam palavras bonitas 

Ou sejam palavras feias; 

Sejam mentira ou verdade 

Ou sejam verdades meias; 

São sempre muito importantes 

As coisas que a gente fala. 

Aliás, também têm força 

As coisas que a gente cala. 

Ás vezes, importam mais 

Que as coisas que a gente fez... 

"Mas isso é uma outra história 

que fica pra uma outra vez..."  

 

A Arca de Noé (Ruth Rocha) 

 

Esta história é muito, 

Muito antiga. 

Eu li 

Num livrão grande do papai, 

Que se chama Bíblia. 

É a história de um homem chamado Noé. 

 

Um dia, Deus chamou Noé. 

E mandou que ele construísse 

Um barco bem grande. 

Não sei por quê, 

Mas todo mundo chama esse barco 

De Arca de Noé. 

Deus mandou 

Que ele pusesse dentro do barco

 Um bicho de cada qualidade. 

 

Um bicho, não. Dois. 

Um leão e uma leoa... 

Um macaco e uma macaca... 

Um caititu e uma caititoa... 

Quer dizer, caititoa não,

Que eu nem sei se isso existe. 

E veio tudo que foi bicho. 

Girafa, com um pescoço 

Do tamanho de um bonde... 

 

Tinha tigre de bengala. 

Papagaio que até fala. 

E tinha onça-pintada. 

Arara dando risada, 

Que era ver uma vitrola! 

E um casal de tatu-bola... 

 

Bicho d´água, isso não tinha, 

Nem tubarão, nem tainha, 

Procurando por abrigo. 

Nem peixe-boi nem baleia,

Nem arraia nem lampreia, 

Que não corriam perigo... 

 

E zebra, que parece cavalo de pijama... 

E pavão, que parece um galo 

Fantasiado pra baile de carnaval. 

E cobra, jacaré, elefante... 

E paca, tatu e cutia também. 

E passarinho de todo jeito. 

Curió, bem-te-vi, papa capim... 

 

E inseto de todo tamanho. 

Formiga, joaninha, louva-a-deus... 

Eu acho que Noé 

Devia Ter deixado fora 

Tudo que é bicho enjoado, 

Como pulga, barata r pernilongo, 

Que faz fiuuummm no ouvido da gente. 

Mas ele não deixou. 

Levou tudo que foi bicho. 

 

Tinha peru, tinha pato. 

Tinha vespa e carrapato.

 Avestruz, carneiro, pinto... 

Tinha até ornitorrinco. 

Urubu, besouro, burro. 

Gafanhoto, grilo, gato. 

Tinha abelha, tinha rato... 

 

Quando a bicharada 

Estava toda embarcada, 

E mais a família do Noé todinha, 

Começou a cair uma chuvarada. 

Mas não era uma chuvarada 

Dessas que caem agora. 

Você já viu uma cachoeira? 

Pois era igualzinho 

A uma cachoeira caindo, 

Caindo, que não acabava mais. 

 

Parecia o Rio Amazonas despencando. 

E aquela água foi cobrindo tudo, tudo. 

Cobriu as terras, cobriu as plantas, cobriu as árvores, cobriu as montanhas. 

Só mesmo a Arca de Noé, que boiava em cima das águas, é que não ficou coberta. 

 

E mesmo depois 

Que passou a tempestade 

Ficou tudo coberto de água. 

E passou muito tempo. 

Todo mundo estava enjoado 

De ficar preso dentro da Arca,

Sem poder sair nem um bocadinho. 

 

Os bichos até começaram a brigar. 

Que nem criança, 

Que fica muito tempo dentro de casa 

E já começa a implicar com os irmãos. 

O gato e o rato 

Começaram a brigar nesse tempo 

E até hoje não fizeram as pazes. 

 

Até que um dia... 

Veio vindo um ventinho lá de longe. 

E as águas começaram a baixar.

E foram baixando, baixando... 

 

E Noé teve uma ideia. 

Mandou o pombo 

Dar uma volta lá fora 

Para ver como estavam as coisas. 

Os pombos são ótimos para isso. 

Eles sabem ir e voltar dos lugares, 

Sem se perder, nem nada. 

 

Por isso é que Noé escolheu o pombo 

Para esse trabalho.

O pombo foi e voltou 

Com uma folhinha no bico. 

 

E Noé ficou sabendo 

Que as terras já estavam aparecendo. 

E as águas foram baixando 

Mais e mais... 

 

Então a Arca pousou 

Sobre um monte. 

E todo mundo pôde sair 

E todo mundo ficou contente. 

E todos se abraçaram 

E cantaram.

 

E Deus pendurou no céu 

Um arco colorido, 

Todo de listras.

 

E esse arco queria dizer 

Que Deus era amigo dos homens, 

E que nunca mais 

Ia chover assim na terra. 

Você já viu, depois da chuva, 

O arco-íris redondinho no céu? 

Pois é pra sossegar a gente. 

Pra gente nunca mais

 Ter medo da chuva!

 



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